sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

"A Revolução de Outubro" - Leon Trotsky

Resenha #40 A Revolução de Outubro – Ed. Iskra e Ed. Boitempo



Leon Trotsky foi, junto com Lênin, dirigente político da Revolução Russa de 1917. Foi da direção do Soviet de Petrogrado e chefe do exército vermelho durante a guerra civil. Chefiou a comissão que negociaria a paz com a Alemanha em separado, conclamando, concomitantemente à sublevação do proletariado dos países da Europa Ocidental, particularmente os envolvidos na Guerra que expressava a disputa imperialista. Após a morte de Lênin e com a ascensão de Stálin e Zinoviev, é derrotado politicamente, perseguido e exilado no Caucásio. Conseguiu exílio do governo Mexicano – lembrado em memória de seu neto como um governo que verdadeiramente acolheu o revolucionário. Foi morto por agente de Stálin, já após uma tentativa não exitosa de assassinato.

A publicação das editoras Iskra e Boitempo referem-se ao livro, já lançado no Brasil pela Global Editora, chamado “Como fizemos a Revolução”. Trata-se de um relato dinâmico e bastante objetivo dos principais eventos políticos e suas implicações na composição das forças sociais durante o ano de 1917 na Rússia.

Trotsky lança uma leitura panorâmica dos eventos, relaciona os posicionamentos políticos dos partidos políticos (bolcheviques, socialistas revolucionários de esquerda, socialistas revolucionários de direita, cadetes) com suas respectivas composições de classe e orientações das classes sociais frente à crise e o desenvolvimento da revolução. Assim, os eventos de fevereiro (queda do Czar – fase “democrática” da revolução) a outubro (tomada do poder pelos bolcheviques – fase “socialista” da revolução) são narrados de forma a indicar a forma como – nos momentos revolucionários – a dinâmica dos acontecimentos faz com que cada fato (greves, tomada dos órgãos de poder, moral das tropas do exército, a posição vacilante da pequena burguesia/burocratas/funcionários públicos, eleições nos soviets, etc.) ganha repercussões maiores do que em tempos de paz – é como se na revolução houvesse uma aceleração da história.

“Como fizemos a Revolução” é uma obra acessível e ao mesmo tempo muito valiosa quanto às análises. Numa conjuntura de crise de civilização, “Como Fizemos a Revolução” desperta-nos para a incômoda noção de que a humanidade não caminha inexoravelmente ao socialismo, sendo fundamental a organização política e a capacidade do movimento dos trabalhadores colocarem-se como força hegemônica rumo à transformação socialista.


Citação Final

"Notava-se porém que os representantes da democracia ainda que orgulhosos dos seus ímpetos revolucionários, desconfiavam das aptidões e do valor das massas que os haviam escolhido. Titulando-se socialistas e acreditamdo-se como tais na realidade conservavam a sua atitude respeitadora ante a autoridade política dos liberais burgueses cuja sabedoria e método acatavam. Por isso tentaram obter, a toda a força, o concurso dos liberais para formar com eles uma aliança ou coligação".